Este texto foi escrito no âmbito de um encontro organizado pelo STAL no Fundão. Nesta cidade a distribuição de água está em vias de ser privatizada.
A CUDAP – Comissão de Utentes para Defesa da Água Pública luta nos concelhos de Carregal do Sal, Mortágua, Santa Comba Dão, Tábua e Tondela contra a distribuição de água pelo sector privado.
A Águas do Planalto SA, empresa do grupo Águas de Portugal, é detentora, para estes 5 concelhos, de um contrato que lhes garante uma situação de exclusividade desde o início de 1998. Contracto este com o prazo inicial de 15 anos, tendo recentemente prorrogando este período para 30 anos, até 2028. Assim os actuais presidentes de câmara comprometeram os municípios que representam por ainda mais 5 mandatos.
Ao longo dos anos esta empresa tem demonstrado a sua verdadeira missão: a obtenção de lucros com a gestão deste serviço público ignorando completamente nesta contenda o serviço básico que é a distribuição de água para consumo humano e o seu utente.
Do alto do seu trono monopolista esta empresa tem violado das mais variadas formas os direitos dos utentes, usando e abusando da sua exclusividade e do prazo de 20 anos sobejantes de contrato para impor a sua óptica de lucro como documentam os seguintes exemplos:
I. No Inverno 2004/05, em virtude de um frio mais acentuado, foram vários os contadores que se partiram, devido ao congelar da água no seu interior. A empresa procedeu a uma rápida intervenção cobrando cerca de 110€ por cada contador substituído. Contador esse pelo qual o utente pagava perto de 45€ por ano de aluguer. A justificação da empresa para a “culpa” do utente era a falta de condições de acondicionamento do contador. Acontece que a colocação dos contadores é e sempre foi feita pela empresa ou pelas câmaras, sendo o utente completamente alheio às condições em que esta era feita;
II. Na factura da água os utentes pagam uma «sobretaxa do artigo 21º do contrato» com o valor inicial (Maio de 2006) de 12€ por ano, actualizáveis anualmente pelo valor da taxa de inflação. Este 1€ por mês destina-se a pagar o deslize financeiro que ocorreu aquando da construção da Barragem do Paúl, utilizada para a captação de água.
III. Em meados de 2005 a empresa procedeu ao encerramento de todos os fontenários que estivessem ligados à rede pública. Esta atitude foi tomada a pretexto do abuso que ocorreria na sua utilização. Após intervenção de um movimento popular que redundaria na constituição da CUDAP, foi assumida a reabertura de um fontenário por cada povoação – nalguns casos manifestamente insuficiente – mas com a colocação de contadores. As Juntas de Freguesia ficam assim obrigadas ao pagamento de algo que sempre foi de todos. De forma a evitar a contestação de algum Presidente de Junta as autarquias assumiram transferir dinheiro para cobrir esta nova despesa. De referir que, do valor da factura, só 10% a 20% é que correspondem à parcela da água consumida. Os restantes 80% são taxas, sobretaxas e outras mensalidades.
IV. Do contrato de concessão faz parte a obrigatoriedade de abertura de um posto de atendimento em cada sede de Concelho. Se isto foi a realidade no início do período de concessão, recentemente a empresa procedeu ao encerramento de todos estes balcões. Agora, quem tenha assunto a tratar com a empresa, deve dirigir-se à sede da mesma. Acontece que esta fica numa das “pontas” da região abrangida, distando mais de 40km de algumas zonas. Numa região com um índice de envelhecimento de 185 (1,85 pessoas com mais de 65 anos para cada uma com menos de 15) a não proximidade dos serviços é inaceitável. A remota localização da sede empresa e a inexistência de transportes públicos impossibilita que não tenha viatura própria se possa aí deslocar.
Por certo, desta empresa, podemos contar com um continuar na procura do aumento do lucro, sempre disfarçado do argumento de optimização do serviço. Lucro esse que é garantido pois o investimento realizado é mínimo pois todas as obras e reparações são responsabilidade das autarquias, que contrata com a concessionária esse serviço. Assim a Águas do Planalto gere as obras e executa as reparações e cobra-se por isso.
De acordo com o RASARP – Relatório Anual do Sector das Águas e Resíduos «em 2006, o volume de negócios da empresa representa apenas 36% do obtido em 2005, devido ao fim da execução das obras que a empresa realizou por conta da concedente e que tem vindo a registar nas prestações de serviços». Daqui podemos concluir que a empresa cobrava para gerir as obras que lhe eram encomendadas. Assim se compreende que em 2005, segundo o mesmo relatório, a empresa tenha obtido o melhor resultado líquido sector. Por certo muitas outras manobras geradoras de lucro haverá ainda escondidas.
Com o objectivo de conhecer a fundo a realidade desta concessão a CUDAP move esforços desde Janeiro deste ano na tentativa de obtenção do contrato. Este processo tem sofrido toda uma série de entraves. O que se pretende com estas dificuldades é criar um cada vez maior distanciamento dos utentes, impossibilitando-lhe saber seja o que for sobre o grande negócio do séc. XXI.
A CUDAP compromete-se, não só com os utentes destes 5 concelhos, mas com todos utentes do País a lutar pelo regresso à responsabilidade pública do sector das água e a dar luta cerrada aos novos processos privatização na mira do governo.
Em Defesa da Água Pública!
De 14 de Março a 25 de Julho do ano corrente, foram realizadas 21 sessões de esclarecimento, com um total de 548 aderentes, acerca dos seguintes pontos:
Planeia-se a realização de novas sessões de esclarecimeto, a anunciar na "Defesa da Beira" e em convocatórias distribuidas ao domicílio na área abragente.
Após ter verificado as primeiras facturas dos consumidores dos 5 Concelhos, que são abastecidos pelas águas do Planalto Beirão. E na sequência da anulação das taxas dos alugueres dos contadores pelo Governo, mesmo depois do Secretário de Estado da Defesa do Consumidor ter afirmado que a taxa que os Municípios se preparavam para criar era ilegal, ai está a taxa de disponibilidade! Não só a aplicaram, como é mais cara que os próprios alugueres dos contadores. Assim esta taxa mais uma vez penaliza os consumidores destes concelhos que vêm as suas facturas cada vez mais sobrecarregadas com taxas e mais taxas. Já não bastava que as águas do Planalto cobrassem taxas que em nosso entender e no dos consumidores são ilegais como sejam a taxa do artigo 21 ou a taxa de controlo da qualidade da água.
1º- Perguntamos que medidas de fiscalização se estão a tomar para que os Municípios e as empresas de distribuição e de exploração da água cumpram as leis do Governo.
2º- Perguntamos, sendo a água um bem público, e que é de todos, essencial para a vida humana e animal, e vegetal, quem está a beneficiar com a sua exploração e a sua venda.
3º- Apelamos a todos os consumidores para reclamar o cumprimento da lei e o fim destas taxas ilegais, junto das Câmaras Municipais e da Empresa águas do Planalto, assinando o livro de reclamações!
4º- Culpamos claramente os Municípios, que mais uma vez não olharam, nem defenderam os direitos dos seus munícipes, que os elegeram.
Cudap – Pela Defesa da Água Publica
Tomou conhecimento a CUDAP, assim como toda a população, pelos meios de comunicação social da extensão do Contrato de Concessão que permite à Empresa Águas do Planalto explorar a distribuição de água nos nossos 5 concelhos.
A notícia refere uma expansão de 15 anos, estabelecendo o prazo do Contrato para o ano de 2028. No entanto, e de acordo com as duas edições disponíveis do Relatório Anual do Sector de Águas e Resíduos em Portugal (RASARP), referentes ao exercício de 2005 e 2006, esta não é a primeira extensão de contrato. No RASARP 2005 é referido um prazo de 10 anos para o contrato de concessão, na edição de 2006 esse prazo é já de 15.
Com estas manobras a Águas do Planalto e a entidade concedente (Associação de Municípios da Região do Planalto Beirão – AMRPB) conseguem evitar uma cessação e posterior renovação do contrato, evitando assim a possibilidade de discussão pública sobre o mesmo.
Na mesma notícia o Sr. Presidente da Câmara Municipal de Tondela, ao que parece porta-voz dos municípios envolvidos nesta questão, refere a inevitabilidade desta extensão pois os "municípios não tinham outra alternativa". O autarca explica que as câmaras, estando impedidos de recorrer ao crédito, não têm, nesta altura, "capacidade financeira para que cada uma pagar cerca de 2,5 milhões de euros pelas obras realizadas nos últimos anos".
De referir que o mesmo autarca anunciou, já em 2005, a aplicação de uma sobretaxa (baseada num tal artigo 21 do inacessível Contrato de Concessão) com o valor de 12€ anuais para colmatar os deslize orçamental verificado na construção da barragem. Deslize esse que levou o custo da obra quase para o dobro.
Com estas duas extensões de contrato a empresa Águas do Planalto garante um encaixe financeiro superior a 12 milhões de euros até ao ano de 2028. Aqui estão os 2,5 milhões a cada um dos 5 municípios.
A CUDAP não pode admitir que os utentes de um serviço tão básico como a distribuição de água para consumo humano sejam penalizados pela incapacidade de gestão de obra de uma empresa particular. Empresa essa que fez do lucros das obras realizadas por conta da AMRPB a sua principal fonte de rendimento até 2005 (ver RASARP 2006).
A seguir ao encerramento dos fontenários, à cobrança de valor obscenos pelo aluguer do contador, à aplicação da “sobretaxa do artigo 21”, às extensões ad eternum do contrato de concessão, a CUDAP questiona-se sobre o próximo passo desta empresa que, ao abrigo da inépcia demonstrada pelos autarcas, não olha a meios para aumentar os seus lucros.
No seguimento do que tem sido a sua actividade, a CUDAP continua a denunciar e a combater a exploração a que submete a empresa Águas do Planalto SA os concelhos por ela abrangidos (Carregal do Sal, Mortágua, Santa Comba Dão, Tábua e Tondela).
Com o objectivo de pôr termo a um negócio que só tem prejudicado as populações, e conforme já anunciado, a CUDAP lança no Mercado em Tábua, no próximo domingo dia 7, uma recolha de assinaturas.
Assim a CUDAP convoca para as 10h00 desse dia uma conferência de imprensa na entrada principal do mercado.
4 de Outubro de 2007
A CUDAP continua a sua luta em Defesa da Água Pública, e contra a total mercantilização daquele que é um dos mais necessários, senão mesmo o mais necessário dos recursos à existência Humana.
A exploração levada a cabo pela empresa Águas do Planalto (AdP) continua a ter a cobertura das Câmaras Municipais da sua área de abrangência. O encerramento duma grande maioria dos fontenários e a colocação de contadores nos restantes demonstra a conivência dos executivos autárquicos. Estes comprometeram-se a financiar as Juntas de Freguesia por forma a que estas possam fazer face a mais esta despesa escusando-se assim a assumir que não acautelaram devidamente o livre acesso das populações à água quando procederam a alienação do seu dever de gestão da distribuição da água para consumo.
São uma vez mais cúmplices do enriquecimento desta empresa quando entregam de «mão-beijada» uma rede de condutas de distribuição em baixa totalmente remodelada, responsabilizando-se ainda pela sua manutenção em caso de avaria ou ruptura.
O secreto contrato elaborado entre a Associação de Municípios da Região do Planalto Beirão (AMRPB) e a AdP contém um providente artigo 21º que faculta à primeira a possibilidade de pedir à segunda que inclua na factura sobretaxas com o fim de financiar a construção e reparação de infra-estruturas. Assim, o valor que vemos na alínea “Artigo 21º do Contrato” reverte na totalidade para a AMRPB. Ultrapassa o meio milhão de euros o valor cobrado anualmente ao abrigo desta sobretaxa.
Ao valor anterior temos ainda que somar o aluguer do contador. Este valor, por ano, pode ir dos 30 aos 120 euros, aumentando a facturação da AdP em mais um milhão e meio de euros por ano. É de referir que um contador de iguais características aos alugados pela AdP para o consumo doméstico custa no mercado entre 30 e 50 euros.
Esta empresa garante com estas duas parcelas um rendimento fixo anual de mais de 2 milhões de euros.
Como agravante da exploração e do péssimo serviço público prestado por esta empresa há ainda a adicionar o encerramento dos postos de atendimento concelhios, sendo concentrado todo o processo de serviço ao público na sede em Mosteiro de Fráguas.
Assim, a CUDAP informa que vai lançar, nos 5 concelhos abrangidos pela AdP, um abaixo assinado com a finalidade esclarecer ao público este contracto de concessão, e levar as autoridades competentes à discussão de um acordo que claramente prejudica os interesses das populações e serve tão só o interesse empresarial de aumento de lucros.
Em Defesa da Água Pública!
Em consequencia dos continuados prejuízos de toda a população abrangida pela rede de distribuição da Empresa Águas do Planalto, que tornou o bem Público que é, e sempre deverá ser, a Água, num negócio em que vale tudo para obter o máximo lucro, foi constituída a Comissão de Utentes em Defesa da Água Pública.
Esta Comissão é composta por Utentes da Empresa Águas do Planalto dos Concelhos de Carregal do Sal, Mortágua, Santa Comba Dão, Tábua e Tondela.
A comissão tem por objectivos a Defesa da Água como um bem público e de primeira necessidade. Neste sentido pretendemos intervir junto da Empresa Águas do Planalto bem como das Câmaras e Assembleias Municipais e Juntas de Freguesia das áreas abrangidas para que sejam tomadas medidas no sentido de:
Reabrir os Fontenário Públicos mandados encerrar pela Águas do Planalto;
Revogar a abusiva “Sobretaxa do Artº 21 do Contrato” e restituir as verbas desse modo injustamente cobradas, que por ano totalizam 12 euros por cliente;
Rever o processo injusto do aluguer de contadores, que representa 30 euros por ano por cliente;
Reverter o afastamento da Empresa relativamente aos utentes, que se verificou com o encerramento das delegações em cada um dos Concelhos.
Esta Empresa já no passado deu mostras de estar apenas interessada na obtenção desenfreada de lucros, independentemente dos custos que isso possa ter para o utente. É exemplo disso a cobrança aos utentes da reposição dos contadores partidos pelo gelo de um Inverno mais rigoroso.
Mais recentemente, e devido a um deslize orçamental na construção da Barragem do Paúl, em Mosteiro de Fráguas, a Águas do Planalto cobrou em todas as facturas uma Sobretaxa, prevista no tal artigo 21º do contracto, que elaborou com as autarquias. Pergunta-se que outros deslizes orçamentais terão os utentes que custear?
Tanto mais que, a estes custos elevados suportados pelos utentes, acresce que, para iniciar a distribuição de água, a empresa exige uma rede de abastecimento em perfeitas condições, sendo os melhoramentos necessários custeados pelas autarquias, e assim, mais uma vez, é o utente/munícipe a pagar as despesas destas obras
Pela Defesa da Água Pública!